Depois de um dia inteiro de trabalho, a professora Rosângela Ribeiro se transforma em voluntária. As aulas de graça são para alunos que vão prestar o vestibular: "Doei as noites de terça e de quinta porque eu aprendo com eles e eles aprendem comigo, é uma troca."
Muitos desses voluntários são ex-alunos.
"É um ciclo. A gente se sente na metade do ciclo: abriram-se as portas pra gente e a gente volta agora para abrir as portas pras outras pessoas", explica Sérgio Murilo Neves, universitário.
O motorista de ônibus Paulo Sérgio Mota é um dos 19 mil alunos do cursinho. Quer fazer faculdade de teologia: "Voltar a estudar pra mim foi voltar a viver."
Instituições sem fins lucrativos, como o cursinho, fazem parte da pesquisa. Até 1970, elas eram pouco menos de 11 mil entidades em todo o país. E em 2002 já eram quase 276 mil.
A maior parte está nas regiões Sudeste (44%) e Sul (23%). As que atuam nas áreas de defesa dos direitos humanos (+303%) e meio ambiente (+309%) estão entre as que mais cresceram.
Como a ONG Reciclázaro, em São Paulo, que trabalha com ex-moradores de rua na coleta seletiva de lixo.
“Tenho meu emprego, quando eu acordo tenho um lugar pra ir, trabalhar e batalhar em prol de muitas pessoas, não sou só eu”, comemora Maria Alves, catadora de lixo.
O mercado de trabalho nessas entidades também cresce em ritmo acelerado. O número de empregados aumentou 48% nos últimos seis anos, o dobro do índice das empresas públicas e privadas. São 1,5 milhão de trabalhadores com carteira assinada, a maioria nas áreas de saúde e educação.
O ganho médio é de 4,5 salários mínimos por mês.
Luciana é assistente social de um educandário que cuida de crianças para adoção. O primeiro emprego e uma grande oportunidade: "Isso aqui é minha vida, eu trago meus filhos pra cá, de segunda a segunda, o tempo inteiro."
Rosângela lembra do dia em que precisou de um médico e teve uma surpresa.
"Quando eu cheguei e vi, não acreditei: você foi meu aluno! É muito gostoso. É dando que se recebe”, ensina Rosângela.
Fonte: G1
Fonte: G1
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